sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

GLAUCO MATTOSO: alguma memória


Não lembro quando conheci Glauco Mattoso. Faz muito tempo. Acho que foi Leila Míccolis quem nos apresentou. Sempre fui fã (assustado, no início) de seu trabalho. Em algum momento tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente.
Li, esta semana, sua mais recente coletânea, O poeta peccaminoso. Isso disparou lembranças. Vou tentar registrar algumas aqui.
... sarau na casa de Marçal Aquino, vários poetas...  tarde... Glauco ainda usava um tapa-olho. Cerveja, boa comida, várias pessoas legais. Tenho fotos em algum lugar.
... Luiz Roberto Guedes, Marçal, GM, Severino do Ramo... noite, fomos ao cinema ver Querelle (Fassbinder, baseado em Jean Genet); passeando  por São Paulo, passamos pela Ipiranga com São João... eles tentavam me explicar o que é o prato chamado virado a paulista. Depois do filme fomos a algum bar...
... lançamento de seu livro de Limeiriques & outros debiques glauquianos aqui em BH, na Casa do Jornalista, edição Dubolso. Vários punks presentes.
... lançamento de um livro seu no Rio, por acaso eu estava lá. Fui sozinho até a livraria, um lugar estranho, sem movimento...
... visita à sua casa. Guedes, Marçal... Boa conversa durante a tarde...
Em minha novela Diz Xis coloquei uma cena erótico-podólatra com um personagem Pedro, seu nome de batismo.
Em 2011 saímos em duas antologias: Rock Book (nos encontramos no lançamento em São Paulo. No filme do Gércio Tanjoni, fomos flagrados rindo juntos, bela imagem) e Ao pé das letras (que ainda não tenho, deve estar a caminho).
Tenho a sorte de ser um dos felizardos que recebe todos os lançamentos de Glauco. Sempre que posso, comento com as pessoas próximas. Não é fácil para elas assimilar o trabalho dele, como este Poeta peccaminoso...
Existe gente muito melhor equipada que eu para falar da poesia de Glauco Mattoso. Quero apenas registrar minha impressão de leitor-fã.
Neste livro ele inova mais uma vez: é quase um livro de contos em sonetos. O primeiro é a história de Sansão e Dalila. Depois, o calvário de um cego sendo sacaneado por um malaco (não acontece, mas eu tinha certeza que ao final o cego daria risada revelando ao malvado que quem estava realmente se divertindo era ele). Em seguida usa um título famoso de Saramago (claro que ele não perderia essa) para falar da relação entre um cego e um fotógrafo; um casal de irmãos nipônicos e seus respectivos pares e finaliza com mais um caso sadomasô... Tudo muito satírico, fescenino e, principalmente, bem humorado.
Item raramente encontrado na poesia brasileira.

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