terça-feira, 24 de abril de 2012

O POETA CONTRA A PAREDE




    Visitando meus amigos Bruno Brum e Lelé (faz tempo, isso), me surpreendo com pilhas de livros fora da estante:
   - Infiltração, vou ter que refazer parte da parede.
   Água é fogo: nunca se sabe por onde entra, muito menos por onde sai. Fui analisar os danos (andava tendo problemas semelhantes no meu barraco). Noto que a infiltração tinha um objetivo claro:
   - Uai, Brum (esta história se passa em Minas), parece que só os livros de poesia foram atingidos.
   - Pois é, sô. Se contar ninguém acredita.
   - Isso é que dá colocar os poetas contra a parede.
   Das vantagens de se viver sem memorandos: falar as bobagens que se nos ocorrem.
   - Pior, com parede que vaza.
   - Poetas não suportam incômodos.
   - Pior, incômodos úmidos.
   E seguiu-se produtiva conversa a respeito de poetas, poesia, infiltrações e o mercado de trabalho da construção civil.
    Em algum momento no futuro daquela tarde, percebemos que poderia ser interessante um evento:
   - O poeta fica no palco, vendado; as pessoas perguntam sem que ele as veja.
   - A gente coloca ele numa cadeira giratória e roda de vez em quando!
   - Que tal um chicote?
   (...)
   Agora, tanto tempo depois, finalmente vamos tornar real o projeto de colocar O POETA CONTRA A PAREDE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário