quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ADEUS, FUTEBOL!

 
  Meu pai foi jogador de futebol, é provável que eu tenha sido incentivado a chutar uma bola desde que aprendi a andar. Desde sempre, houve peladas na rua Álvares de Azevedo, no bairro Colégio Batista (BH/MG), onde nasci. (Os gols eram portas de garagens que ficavam do mesmo lado da rua inclinada: um time atacava descendo e o outro, subindo. Era comum que a bola escapasse ladeira abaixo e fosse parar nos montes de areia da Redimix.) No alpendre de nossa casa também fazíamos, eu e meu irmão, um gol-a-gol - ou qualquer tipo de disputa que pudéssemos criar. No Colégio, fui capitão do time, certa vez, para disputar um campeonato. Treinei por um tempo no Farol, clube criado por meu pai e seus amigos, em Sabará. (Era lateral direito. Lembro de três episódios com mais interesse: sair de um treino passando mal porque o comecei sem ter me alimentado; um outro em que fui bater um tiro de meta e joguei a bola nos pés do goleador adversário - que perdeu o gol; e um jogo contra um time de BH, Estrela-alguma-coisa, em que deixei dois adversários no chão, só cortando para os lados.) Jogava direto no Florestinha, naquela época, quando ainda morava lá, antes dos 15 anos, e muitas vezes depois. Criei um time com os vizinhos de pelada, todos mais velhos que eu, o Pantera Cor-de-rosa (foi o primeiro desenho animado que vimos a cores), que chegou a fazer uns dois jogos com times mais tradicionais. Por insistência de um vizinho que jogava no América, fui tentar treinar no Atlético. O técnico do dente-de-leite era o Seu Zé das Camisas. Havia dezenas de meninos sonhadores, como eu. Ao final, ele indicou apenas a mim para voltar durante a semana e fazer a inscrição: eu estava "contratado". (Fui com meu pai, mas a sede estava fechada; vieram provas bimestrais, eu não podia ir lá sozinho, meu pai não teve mais tempo... (Por isso hoje eu não estou na tevê trabalhando como comentarista...)) Houve um bom período de peladas com os colegas da Secretaria de Cultura...
   Mas essa choraminguela toda é só para dizer que eu torcia para o Atlético. Quando descobri, muitos anos depois, que só fazia isso por influência do meu irmão, parei de torcer. Fiquei sem time e sem me interessar por um longo tempo. Até que, por motivos ideológicos e de simpatia pura, decidi, já adulto, torcer para o América.
   E, finalmente, o que quero registrar: tudo o que envolve o futebol profissional e o próprio futebol que se joga hoje, e o modo como o Sistema controla tudo e a imbecilidade que brilha nos olhos de meus semelhantes quando é este o assunto, me fazem decidir por não torcer mais pelo América e começar uma aborrecida campanha de difamação "contra tudo isso que está aí".
  
Ps: dirão as más línguas que isso tudo é porque não se pode mais ir ao Independência tomar cerveja e comer tropeiro nos jogos do Coelho. Bobagem.
Ps 2: fui procurar uma foto do Seu Zé das Camisas e vejam o que achei: "Aos finais de semana, Toninho Cerezo jogava pelo time do Ferroviário, no próprio bairro da Esplanada, até ser descoberto pelo famoso olheiro “Zé das Camisas”, que levou o garoto ao Atlético Mineiro e o apresentou ao técnico Formiga, que na época era o responsável pela categorias de base."

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