segunda-feira, 18 de março de 2013

"OS NOVOS CRUZADOS"


Saí da biblioteca do meu bairro um pouco mais tarde, quinta-feira da semana passada. Começou a chover logo que abri Os Maias. Queria só dar uma espiada, ainda estou lendo A cidade e as serras, meu primeiro Eça. Então, para dar um tempo à chuva, comecei a ler o romance. Quando dei por mim, já havia escurecido. Passei na padaria e comprei umas fatias de queijo pro café da sexta-feira.
Tive um dia normal. A noite deveria se ajustar ao programado: banho, lanche, revisar as provas do livro novo e leitura antes de dormir. Mas ao me aproximar de casa, tomei um susto: no portão, onde esteve, durante a campanha eleitoral, um adesivo do Patrus, havia um grafite preto. Não identifiquei a imagem de perto; me afastei e vi que era uma cruz, enorme, composta por duas espadas.
Chequei os portões mais próximos, todos normais. Que merda é essa, pensei? Tenho boas relações com meus vizinhos, nunca discuti com ninguém... Não poderia fazer nada àquela hora. Entrei e toquei minha rotina.
No dia seguinte, a caminho do metrô, vi mais dois portões com aquela cruz horrível.
Trabalhei normalmente, mas aquilo estava me incomodando. Seria vandalismo? Algum artista de rua? Publicidade?
Sábado bati na casa dos meus vizinhos para ver se eles sabiam do que se tratava. Nada. Outros vizinhos também estavam indignados com aquilo. Um deles, muito religioso, estava mais que todos, pelo uso do símbolo cristão. (Eu não tinha pensado em religião...)
Vida que segue. À noite fui a uma festa de aniversário, me diverti, voltei de taxi porque perdi o último ônibus. Algumas ruas antes da minha, vi, de longe, três pessoas de capuz diante de uma casa. Estamos no verão, BH está um inferno de calor. Aquelas figuras me chamaram a atenção. Quando notaram que íamos em sua direção, saíram correndo. Passando pela casa, pedi ao motorista para reduzir. Havia uma cruz de espadas recém-pintada no muro daquela casa.

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