sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ENCONTROS CASUAIS

    
    Era uma entrega de prêmio literário em BH. Depois da solenidade, cervejas e cada um foi pro seu canto. Marçal ia dormir lá em casa, um barracão que eu alugava na casa do Régis Gonçalves, na rua Jaspe, Floresta. Portanto corria o ano de 1990. Fomos tomar a saideira no bar das irmãs do Carlinhos, na Pouso Alegre. Era a garagem da casa delas, duas ou três mesas, uma onda bem íntima, amigos e familiares delas. Mas já devia ser quase meia noite e havia apenas as duas proprietárias, uma moça conversando com elas, eu e Marçal. (Engraçado, agora acho que tinha mais alguém com a gente...) A certa altura, Marçal fala meu nome em voz alta e a moça então dá um pulo em minha direção, quase se senta no meu colo. Ela não estava brava comigo.
     Flash-back: meu amigo Sylvio Proença havia se mudado para São Paulo há alguns muitos anos, foi servir na aeronáutica. Lá, frequentou um curso pré-vestibular, onde fez amizade com um Waldir Maniga. Juntos eles aprontavam todas, como afixar poemas nas paredes da escola. Por carta, Sylvio me contava essas coisas, e que havia usado alguns poemas meus.
     Corta para 1990, INT, noite, bar: A moça, excitada, feliz, conta que estudava naquela escola e amava meus poemas.
     - E o que você está fazendo em BH?
     - Um trabalho para um instituto de pesquisas. Você quer ser entrevistado?
     Continuamos bebendo e conversando por mais um tempo. Ela se chamava Lua. Acabou dormindo lá em casa também. Me deu um boné vermelho, foi embora de manhã bem cedo. Trocamos duas cartas. Nunca mais vi. Ainda tenho o boné.

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