O ano começou com a ameaça de concretização do golpe de direita sobre a democracia.
Logo após o Carnaval, fui transferido para o Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, que funciona no Mercado da Lagoinha. Depois de tantos anos trabalhando na sede da Fundação de Cultura, pensando a cidade, tive a oportunidade de trabalhar na ponta. Foi uma experiência excelente, ainda mais que a equipe é ótima. Porém, havia o tempo todo a possibilidade de ir para o Centro Cultural Nordeste, mais perto da minha casa, e isso dificultou meu envolvimento integral.
Em 19 de março fiz o primeiro lançamento do Lambe-lambe (Jovens Escribas), no bar Patuscada, em São Paulo. No dia seguinte, na Casa Amarela, em São Miguel Paulista. Depois vieram BH, João Pessoa e Natal. Em agosto já tínhamos vendido os primeiros trezentos exemplares da edição.
A editora realizou seu 5º Ação Leitura em maio. Nesta passagem por Natal, fiz mesa numa faculdade e sarau numa escola com Marcelino Freire, bate-papo em outra escola e mesa com Pablo Capistrano, MF e Xico Sá no Espaço Duas. Esta noite foi especialmente emocionante, pois estava sendo concretizado o golpe e todas as falas foram a favor da democracia.
Em outubro terminei a primeira versão do romance que havia começado em dezembro do ano passado. Um tempo recorde para mim, mas resultado de um trabalho que cumpriu as metas a que se propôs. Claro que o texto ainda precisa ser profundamente revisado. Neste momento, aguardo a segunda e a terceira leituras críticas.
Novembro foi a vez de voltar a São Paulo para participar da Balada Literária. Fui com a quase firme decisão de não aceitar mais convites para mesas e atividades afins. São boas, como foi esta ao lado de Ferréz, Wilson Freire e Sheyla Smaniotto, mas aprendi que prefiro realizar atividades mais concretas, mais produtivas, como oficinas de escrita e de leitura.
Com dezembro veio finalmente a mudança para a Usina de Cultura - Centro Cultural Nordeste. Dia 1º estava lá pintando chão, carregando móveis e livros, ajudando na montagem da biblioteca, enfim, tendo a chance de, aos 32 anos de casa, participar da criação de um centro cultural. Estamos abertos há apenas duas semanas, portanto há muito o que fazer ainda.
Este mês trouxe também uma novidade: o primeiro estudo de cunho acadêmico sobre minha obra literária. Ana Elisa Ribeiro e Rafael Carvalho publicaram um artigo muito bom na revista da PUC-MG.
Um resumo de 2016 pode ser:
a) lancei um livro, com ótima repercussão, e finalizei outro;
b) o Brasil sofreu um golpe de direita e isso afetou o meu emocional fortemente;
c) continuei fazendo todas as coisas de que gosto, inclusive no trabalho na prefeitura;
d) obtive um aprendizado, na prática, que me permitirá produzir ainda mais em 2017.